A COMUNICAÇÃO FAMILIAR

Necessidade de ir ao encontro
Desde que um pai e uma mãe descobrem que vão ser pais é quase instantânea a necessidade de começarem a falar e a interagir com o filho que vem a caminho. Cada um deles, na sua maneira e forma própria de estar e de ser, procuram ir ao encontro desse ser pequenino, de comunicarem com ele, quer por palavras, quer igualmente por gestos.
Falar, conversar, cantar e acariciar são as formas de estabelecer contato com o bebé que está no ventre da sua mãe. Todas elas são, sem dúvida, atos que acabarão, de uma maneira ou de outra, de se perpetuar por toda a vida. E, é muito bom que assim seja.

Comunicar para sobreviver
Este ato de comunicar faz, portanto, parte do ser humano. É algo que é inato, é uma expressão natural, uma competência que se tem de desenvolver pela necessidade de interação com os outros. O homem, não nasceu para estar sozinho. Exatamente, por ser um Ser de relação, um ser-com precisa dos outros para comunicar e para poder sobreviver.
Quer isto dizer que, pelo facto da pessoa ser um ser de relação com o outro, precisa não só de comunicar, mas também, de manifestar os seus sentimentos, os seus desejos e as suas experiências, que não são mais do que outras formas de comunicação.
Quem é que consegue ficar calado perante uma alegria imensa? O que se quer é contar ao mundo inteiro o que está a acontecer, para que também eles possam participar dessa alegria e se sintam contagiados. Isto é humano. Isto é viver.
É certo, que é através da comunicação que manifestamos o que pensamos, o que sentimos e o que desejamos e queremos. No entanto, é só dentro deste enquadramento que nos damos a conhecer aos outros e em troca, que conhecemos os outros.
O ambiente familiar, de intimidade e de calor humano permite que se estabeleçam relações próximas, abertas e sem filtros. Sem dúvida, estão proporcionadas as condições para que, quer os filhos, quer os pais se sintam acolhidos e amados. Algo tão simples, faz com que cada elemento se sinta confortável para agir e atuar trazendo ao de cima todas as suas potencialidades.
Parece impossível, mas quando comunicamos, sentimo-nos satisfeitos, sentimo-nos bem pelo fato de partilharmos, sentimo-nos inclusive, mais seguros e até mais confiantes. A razão é compreensível, uma vez que, pais e filhos constroem assim, relações de amor, cumplicidade, proximidade, dedicação e confiança mútua.

Processo dinâmico
Na verdade, a comunicação é um processo dinâmico de tempo ativos – de emissão e de tempos passivos – de escuta, onde os pensamentos, os sentimentos e os valores se fazem comuns. Existem momentos nos quais falamos e outros em que ouvimos o que nos têm para dizer e, por isso calamos. Em qualquer caso, é um ato no qual deixamos que o ‘outro’ participe no que vai dentro de cada um. Numa conversa principalmente desinteressada, por não procurar qualquer gratificação, mas, essencialmente compreensiva.
Por tudo isto, a comunicação é sem dúvida um lugar de encontro entre um ‘eu’ e um ‘tu’. Exatamente, pela necessidade de amar e de sermos amados. Uma vez, que para cada pessoa se conhecer, conhecer o seu ‘eu’ interior, necessita de comunicar com os que a rodeiam. Para que, assim, possa ser o que na realidade está destinada a ser, ser ainda mais e ser ainda melhor pessoa.

Silêncios, toques e olhares
Contudo, esta forma de comunicar não se esgota nas palavras, nos sons e entoações que cada um emite, como já vimos. Também, podem existir sinais não verbais, como os silêncios, os toques e os olhares que são igualmente formas de comunicar uns com os outros e muito concretamente comunicar em família.
Um olhar carinhoso e um toque no braço de um filho vale mais do que uma frase riquíssima em adjetivos. E, quem diz ao filho diz ao marido, também. Um olhar ou um beijo, vale por mil palavras.

Linguagem da intimidade
Precisamente por ser tão peculiar, a comunicação familiar tem uma linguagem própria, a chamada linguagem da intimidade. Quem está de fora, muitas vezes, não percebe o que os pais e os filhos falam. Acaba por ser aquilo que vulgarmente na língua saxónica se diz ‘ah é uma private’. É algo que é íntimo, próprio daquela família. São quase como códigos que só os elementos de cada família conseguem decifrar.
Esta forma de comunicar em família é uma linguagem que se baseia na aceitação e na compreensão de cada elemento. Onde os gestos ganham vida e sentido. Quase como que um adivinhar o que é que o outro tem para dizer. De um lado estão os filhos a pedir aprovação e do outro, os pais a valorizarem e a dar segurança para que eles possam crescer e seguir o seu caminho. Contudo e primeiramente, está a comunicação do casal. Nunca nos devemos esquecer que o segredo da comunicação familiar é o amor. Mais, a vida de família radica no amor entre o casal.

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O que é comunicar?
Qualquer leitor atento já deve ter percebido que gosto de simplificar o que é complicado. Tento sempre ver, o copo meio cheio. Exatamente por isso, creio que vale a pena pensar numa fórmula que sintetize, de um modo muito simples o que é comunicar. Podemos, então, dizer que comunicar é escutar, compreender e aceitar. Podemos, inclusive, escrever da seguinte forma:
Escutar + Compreender + Aceitar = Comunicar
De facto, escutamos quando comunicamos, não ouvimos somente, colocamos o nosso corpo em estado de alerta, focamo-nos no que o outro está a dizer, temos empatia para com quem está à nossa frente. Mas, também compreendemos, sem preconceitos, tentamo-nos colocar numa postura e atitude de olhar primeiro para o outro. Por último, entendemos que para comunicar temos de igualmente aceitar o outro, desnudado, tal como ele é. Acolhendo-o de forma sincera, para que então esse outro se possa revelar e ao revelar-se se possa dar a conhecer.
Não posso deixar-vos de dizer que esta é a grande razão pela qual a comunicação e, muito concretamente, o ato de comunicar, seja considerada a base essencial para a vida. A explicação é simples, cada pessoa para melhorar, evoluir, crescer e amadurecer precisa de estar em contato com os outros, precisa de estabelecer uma relação. Fá-lo desde pequenina, ainda bebé, manifestando as suas necessidades, numa primeira fase, a rir e a chorar e mais tarde: primeiro criança, depois adolescente e, finalmente já adulto, quando se expressa através das palavras e dos gestos, num diálogo de abertura com o outro. Dá-se, mas também recebe e é através dos outros que se vai conhecendo. Começando por conhecer as suas qualidades e os seus defeitos, os vícios. Acredito, que esse conhecimento e equilíbrio fará, cada pessoa, avançar pelos caminhos da vida.

2 opiniões sobre “A COMUNICAÇÃO FAMILIAR”

  1. Me gustó tu artículo. Bien planteadas las ideas, didáctico y cercano a los padres. Gracias Concepcion

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