Hoje gostaria de falar sobre um tema, que anda sempre atrás de nós principalmente, nesta altura do ano. Aparecem os dias grandes e ensolarados e nós mãe-mulheres, pensamos nos quilitos que temos a mais. Pois é, ponderamos em alterar alguns hábitos que temos. Verdade?
E sabem verdadeiramente o que são hábitos? Ou de outra forma: já se aperceberam de como é difícil e custoso alterar um hábito? Cientificamente e com os dados publicados na European Journal of Social Psychology, em média uma pessoa leva cerca de 3 meses a formar um hábito.
Ora aí está. Os hábitos são atos que repetimos muitas e muitas vezes até que se tornam parte das nossas atividades diárias. É alguma coisa que nós não sabíamos fazer, mas que com a repetição aprendemos. Ficam tão enraizados em nós que já não damos conta deles, passam a ser automatizados, ou seja, fazemos sem pensar.
Pois bem, uma coisa é certa, não vou dar dicas para deixarem de comer o ‘bolinho à hora do lanche’ ou ensinar a fazer ‘saladas em frascos prontas a comer’. Vamos sim, tentar refletir sobre a formação dos hábitos nos nossos filhos.
Nós, enquanto pais somos o elemento chave no desenvolvimento das atitudes e destrezas das nossas crianças. Somos responsáveis em estabelecer regras dentro e fora de casa, que a longo prazo se transformarão em hábitos.
Por certo estão a pensar, mas porque é que é tão importante criar hábitos? Nem imaginam a valor que eles têm. Permitem que os filhos fiquem mais autónomos; são indispensáveis para a aquisição de outras aprendizagens; ajudam a que a vida quotidiana fique mais simples e com eles, ganha-se mais tempo.
Recordem como foi quando o vosso filho começou a aprender a atar os atacadores. Complicado no inicio, não foi? Se calhar treinaram primeiro no sapato de madeira na escola… e muitíssimas vezes até acabar por sair bem. E com a ajuda em casa tornaram-se uns experts. Mas digam lá, demorou algum tempo, não foi?
Podemos então dizer que os hábitos se formam a partir da repetição constante de certas rotinas. E por experiência sabemos que as rotinas dão uma sensação de segurança e ordem. O que acontece é que o hábito torna-se num costume. A nossa tarefa nesta ‘arte’ de ser pais é fornecer bons hábitos às nossas crianças para que não adotem os ditos maus costumes. Como, perguntam? Simples, com o nosso exemplo, sendo coerentes nas nossas ações. Mesmo sem queremos e darmos conta, estamos a dar modelos aos nossos filhos. Eles aprendem por imitação.
Falta agora falar sobre os vários hábitos que os nossos filhos devem adquirir. Fica aqui a lista, de maneira nenhuma pretende ser exaustiva. O objetivo é despertar em nós o interesse para os detetarmos e os conhecermos melhor.
Comecemos então:
Ao nascer devem aprender o ritmo de sono, a alternância entre o estar acordado e estar a dormir. Entender que a noite é para dormir e o dia é para a atividade. Lembrem-se como foi nos primeiros dias quando regressaram a casa depois do nascimento do vosso bebé.
Mais crescidinhos têm de aprender os hábitos de higiene, como lavar as mãos, lavar os dentes e tomar banho. Não se faz do dia para a noite, mas com paciência e carinho, eles entram na rotina.
Outro hábito importante é o da alimentação, devem perceber que existem horários próprios para cada refeição e que comer comida saudável incluí verduras e frutas. De fato temos mesmo de dar o exemplo. Os nossos filhos têm de nos ver a comer brócolos, sopa, fruta, sem fazer cara feia.
O hábito da ordem é importante quando eles já brincam, ajudá-los a entender que o que tiram para brincar têm de arrumar. Perceberem quais os brinquedos que lhes pertencem. Assim quando estiverem a brincar no jardim, saberão quais os brinquedos que são seus.
Quando entram para a escola devem interiorizar hábitos de trabalho, isto implica ter horários de estudo, ter um local apropriado com boa iluminação no qual possam ter calma e tranquilidade e também aprenderem a estar bem sentados. Aqui o que se pretende é que a criança perceba que tem de começar e acabar a tarefa que tem por responsabilidade de desempenhar. Lembrem-se não vai ser na adolescência que aprenderão este hábito. Vai-lhes custar muito mais. Os hábitos têm períodos sensitivos próprios, momentos oportunos. Existe um momento em que é fácil interiorizar o hábito… há medida que se vai crescendo é preciso mais tempo e custa mil vezes mais, até porque se tem de lidar com os ditos maus hábitos.
Seguem-se os hábitos de convivência, muito conveniente no saber estar com os outros. Saber relacionar-se com os outros, sem agressão. Lembram-se quando estavam no parque e o vosso filho estava a brincar com outra criança e de repente os dois querem o mesmo brinquedo… choro, lágrimas e possivelmente um empurrão com um claro e alto: é meu!
Desde cedo os hábitos de cooperação nas tarefas de casa devem estar implícitos na rotina do dia a dia. Fazer a cama e arrumar o quarto, colocar a roupa na máquina, pôr e levantar a mesa e quando são mais crescidos ajudar na confeção das refeições. Em todas as tarefas – meninos e meninas sem descriminação.
Como a lista já vai longa, aqui fica o último hábito, o da leitura. Este deve começar ainda na barriga da mãe. O bebé vai ouvindo a voz dos dois e vai-se acostumando. Depois é só continuar com a rotina, contar uma história todos os dias. Aproveitem vão à Feira do Livro com os vossos filhos!
Por certo, revêem-se nestas situações. Tomem nota que a chave-mestra é ser persistente, consistente, paciente e repetitivos.
Ao princípio custa muito, porque é difícil que a criança incorpore o hábito, demora o seu tempo. Há que ter paciência e força de vontade. O fundamental e valioso é certificarem-se que deixam aos vossos filhos um modelo de atributos positivos. Sem dúvida esse é o papel ético e responsável de todos os pais. Sejam Felizes!